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Dona Helena

Entenda a onda dos cigarros eletrônicos

Felipe Gustavo Westphal, pneumologista, integrante do corpo clínico do Hospital Dona Helena, responde algumas dúvidas comuns sobre o uso de cigarros eletrônicos, que vem se disseminando como uma alternativa aos cigarros convencionais.



Danos à saúde          


Ainda não é possível estabelecer exatamente quais os danos que os cigarros eletrônicos podem causar à saúde a longo prazo, principalmente pelo fator tempo. Os danos que os cigarros convencionais causam são muito bem estabelecidos cientificamente. Como o cigarro tradicional é utilizado há mais de um século (ou muito mais do que isso, considerando formas mais rudimentares de tabagismo), muitos estudos prospectivos puderam ser feitos ao longo desse tempo, a grande maioria demonstrando, de forma muito clara, os efeitos nocivos do cigarro tradicional. Como os dispositivos eletrônicos são relativamente recentes, e seu uso disseminado mais recente ainda, não existem muitos estudos robustos e conclusivos para saber exatamente quais os efeitos danosos, a longo prazo, desta modalidade de tabagismo.

Doenças pulmonares

No momento, não é possível estabelecer um aumento de pneumopatias relacionadas aos cigarros eletrônicos. Mesmo em cigarros tradicionais, os efeitos deletérios se apresentam somente após muitos anos de uso regular. Os efeitos já relatados a curto prazo foram tanto de exacerbações de doenças pulmonares prévias, como asma, quanto do surgimento de doenças novas, especificamente relacionados ao uso de cigarros eletrônico (em inglês: “E-cigarette or vaping product use associated lung injury (EVALI)”, geralmente associada à inalação de compostos que contenham THC e acetato de vitamina E). Além disso, a nicotina, que é a substância responsável pela adição, está presente em doses variáveis, conforme o dispositivo. 

Cigarro eletrônico X “tradicional”

Teoricamente, o cigarro eletrônico é menos danoso, principalmente por não conter produtos resultantes da combustão, como alcatrão e monóxido de carbono. Os níveis de compostos tóxicos e cancerígenos podem variar, dependendo dos componentes líquidos do cigarro eletrônico e do dispositivo usado. Compostos potencialmente carcionogênicos estão presentes em alguns dispositivos eletrônicos (nitrosaminas específicas do tabaco (TSNAs), compostos carbonílicos, metais, compostos orgânicos voláteis (VOCs) e compostos fenólicos).

Jovens e adultos

A grande maioria dos adolescentes e jovens que usam cigarros eletrônicos nunca usaram cigarro convencional. Talvez isso ocorra por uma falsa ideia de que a prática é inóqua à saúde. Os adultos que fazem uso dos vapers geralmente já são tabagistas prévios, e o fazem com o objetivo de reduzir ou parar o uso do cigarro convencional. Seja como for, é um tema complexo e de interesse público, que deve ser abordado de forma inteligente, baseada no bom senso e nas evidências científicas, sem uso de sensacionalismos e medidas autoritárias.

Diretor Técnico: Dr. Bráulio Barbosa – CRM-SC 3379